A galinha debutou na sociedade materna, pegou seu pintinho e o levou pelas costas até um cerco onde coabitavam aves de todo tipo — desde pinguins no seu cantinho frio até pavões, gaviões, falcões e tantos outros epicenos que logram de certa fama. Ela soltou Pi — nomenclatura cujo o filho recebeu — naquele mar de pássaros, e disse: “Vá, filho. Aprenda tudo que puder, pois depois será tarde.”
Um armazém de pulp fictions. Postagens semanais. Qualquer semelhança com a realidade e/ou pessoas reais é mera coincidência.
sábado, 5 de setembro de 2015
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
La Lingerie
Assim que eu deito,
surge uma caverna no nosso corpo, um cheiro degradante, avante em
todo o quarto. Churrasco de morcego nos teus peitos? Assim que
resolvo te dar um beijo, quase me engasgo nos teus dentes, que
fediam, por conta do longo tempo sem lustrá-los.
“Cadê meu cigarro?”
As primeiras palavras que eu escutava quando chegava da fábrica,
aquela fábrica chata pra caralho. Tinha sido a primeira vez que eu
havia esquecido de comprar a porcaria dela; primeira e última.
Me agarrou pelo saco
com aquela mão enrugada, apertou minhas bolas, as contorceu para a
esquerda e começou a espremê-las. Me levou, ainda amassando meu
saco, até a cozinha; pegou uma faca da mais simples e foi cortando
meus culhões.
“Hoje é ovo cozido,
monte de lixo!” Eu só podia agradecer, a porra do jantar sempre
era a sobra de feijão e uma carne de porco de semanas retrasadas.
Finalmente ovos.
Assim que terminamos de
saborear o ovo cozido, eu mesmo a convidei para treparmos no quarto,
ela aceitou sem pensar mais de duas vezes.
“Pode gozar dentro de
mim, já está na hora de termos uma criança.” - Eu disse.
Ela foi certeira, não
durou muito. Deitamos, relaxados. Tirei meu rosto, minha pele. Ela
fez o mesmo, mas em vez de ficar nua, colocou uma lingerie que ela
havia pegada da mãe ainda quando criança, e nunca mais se separaria
do vestuário, era algo simbólico; uma seda de cor vinho escura, bem
lustrosa e sexy. Olhamos um para o outro na cama, mas a palavra final
foi dela;
“Boa noite, amor.
Gostou do jantar? Pois amanhã tem mais, bebê. Um ovinho cozido com
linguiça, que tal?”
Sorri e dei um beijo
naqueles lábios carnudos. Assim caímos no sono, agarrados aos pelos e cabelos do nosso corpo.
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